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A história do símbolo Ouroboros que inspirou o Espelho Uróboro de ACOTAR

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O Espelho Uróboro é um dos objetos mágicos mais importantes da saga Corte de Espinhos e Rosas e é mencionado pela primeira vez na história em Corte de Asas e Ruínas, livro que conclui a trilogia principal da série. Feyre é a personagem que mais fala sobre o espelho, já que sua jornada em ACOWAR está intimamente ligada à ele. Assim como diversos objetos e criaturas, o Espelho Uróboro é inspirado em conceitos e mitos presentes na cultura atual ao redor do mundo e hoje o ACOTAR Brasil falará mais sobre a origem do símbolo Ouroboros, que inspirou o Espelho Uróboro.

O Espelho Uróboro no universo de ACOTAR

Em Corte de Asas e Ruínas, O Uróboro é mencionado pela primeira vez pelo Entalhador de Ossos, quando Feyre tenta convencê-lo a participar da Guerra ao lado dela e de Rhysand. A criatura no entanto, começa a barganhar com a protagonista e diz:

“Minha irmã tinha uma coleção de espelhos em seu castelo negro. Ela se admirava dia e noite naqueles espelhos, se gabando da juventude e da beleza. Havia um espelho, o Uróboro, como ela o chamava. Era velho mesmo quando éramos jovens. Uma janela para o mundo. Tudo podia ser visto, tudo podia ser contado pela superfície escura do espelho. Keir o possui, uma herança de sua casa. Tragam-no para mim. Esse é o meu preço. O Uróboro, e sou seu para que usem. Se conseguirem encontrar uma forma de me libertar”.

Posteriormente, Keir revela para Feyre que para conseguir o espelho é preciso olhar para ele e que “todos que tentaram fazê-lo ficaram loucos ou foram irreparavelmente destruídos. Até mesmo um ou dois Grão-Senhores, se a lenda é verdadeira”. Amren desencoraja Feyre em relação ao assunto e então a Grã-Senhora pesquisa sobre o objeto por contra própria.

Imagem: @pandyals_art

“O espelho era notório. Todos os filósofos conhecidos haviam refletivo a respeito. Alguns tinham ousado encará-lo… e ficaram loucos. Outros tinham se aproximado e fugido de terror. Eu não consegui encontrar um relato de alguém que o tivesse conquistado. Enfrentado o que espreitava dentro do espelho e saído de posse do objeto”. E então a Quebradora da Maldição conversa com um amigo próximo, o Suriel, que chama o Uróboro de “Espelho de Começos e Fins”, acrescentando ainda que somente Feyre poderia decidir o que era capaz de destruí-la. Com essa resposta, ela segue em frente, na direção do desafio.

O que Feyre enxerga no espelho, que tem a forma de uma serpente engolindo o próprio rabo, é a versão bestial de si mesma, com todos os defeitos e lados ruins, além de sua própria história. Ela é descrita como uma criatura com patas imensas, pelo preto e dourado, escamas escuras nas costas e grandes e brilhantes olhos azul-acinzentados. Após um confronto interessante e aterrorizante com si mesma, com a aceitação de uma de suas versões, Feyre vai até o Entalhador, que se surpreende ao saber que ela conseguiu o feito de conquistar o espelho, e revela o verdadeiro motivo de seu pedido.

“Queria ver se você era digna de ser ajudada. É raro uma pessoa encarar quem realmente é e não fugir, não ser destruída por isso. É o que o Uróboro mostra a todos que o buscam: quem são, cada centímetro desprezível e profano. Alguns olham para o espelho e nem percebem que o horror refletivo são eles, mesmo que o terror os deixe loucos. Alguns entram com arrogância e são arrasados pela pequena criatura medíocre que encontram no lugar. Mas você… Sim, de fato é rara. Eu não poderia arriscar deixar esse lugar por menos”.

Já na batalha, Feyre revela para Rhysand que amou o que viu no espelho e se perdoou, entendendo o que o Suriel havia dito sobre apenas ela decidir o que poderia destruí-la. “Apenas eu poderia permitir que a parte ruim me destruísse. Somente eu poderia assumi-la, abraçá-la”.

A simbologia por trás do Espelho Uróboro: o Ouroboros

Ouroboros é uma palavra de origem grega, que pode ser escrita como Οὐροβόρος nesta língua, e significa “que consome a cauda”. O conceito é sempre representado por criaturas como serpentes ou dragões, formando um círculo com seus corpos e comendo o próprio rabo. Assim como em outros símbolos e no estudo da semiótica, o círculo é comumente enxergado como infinito, já que não vemos seu começo e nem o fim, assim como também pode representar um ciclo.

A primeira aparição mais popular do símbolo é a encontrada no “Livro Enigmático Do Mundo Inferior”, texto funerário da tumba KV62 (Kings Valley #62), que pertenceu ao imperador Tutancâmon, no século XIV A.C. O Ouroboros aparece duas vezes, possivelmente representando a reencarnação de Osíris como Rá. O símbolo também aparece no budismo, na alquimia esotérica e até mesmo na maçonaria.

De acordo com o Dictionnaire des Symboles, famoso livro de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant publicado pela primeira vez em 1969, o Ouroboros “simboliza o ciclo da evolução voltada para si mesmo”, contendo ideias como continuidade, autofecundação e eterno retorno. Há ainda quem interprete que a simbologia do Ouroboros mostra a serpente mordendo a própria cauda para interromper uma evolução linear, marcando uma mudança na própria vida, para surgir em outro nível de existência.

Estas interpretações fazem sentido quando pensamos na aparição egípcia e também no Espelho Uróboro de ACOTAR, já que quando Feyre se olha através dele, um novo ciclo começa em sua vida, um ciclo no qual ela se reconhece, que é importante para sua jornada de autoconhecimento e aceitação. Antes de entregar o espelho ao Entalhador, Feyre ressalta para si mesma: “Esse corpo para o qual eu retornada… também era estranho”. Vale lembrar também que estas análises se encaixam perfeitamente na fala de Suriel sobre o objeto, que diz que ele é o “Espelho de Começos e Fins”.

Ainda assim, morder a própria cauda não parece ser fácil, assim como nunca é encerrar ou começar um ciclo, já que a Grã-Senhora fala sobre como o processo foi doloroso:

“Eu mesma. Vi eu mesma. Era talvez a única coisa que eu não mostraria a Rhys. A ninguém. Como tinha me acovardado, enfurecido e chorado. Como tinha vomitado e gritado e arranhado o espelho. Como o acertara com os punhos. Então, me enrosquei, trêmula devido a cada coisa horrível, cruel e egoísta que via dentro daquele monstro, dentro de mim. Mas continuei, não desviei os olhos. E, quanto meus tremores pararam, estudei a coisa. Todas as coisas desprezíveis. O orgulho e a hipocrisia e a vergonha. O ódio a covardia e a dor. Então comecei a ver outras coisas. Coisas mais importantes, mais vitais. – E o que vi. Acho… que amei aquilo. Perdoei… a mim. Por inteiro”.

Para muitos fãs de ACOTAR, a cena de Feyre se olhando no Uróboro e posteriormente comentando sobre o que viu e o que fez diante dele, é uma das mais emocionantes de todos os livros. É um momento no qual uma protagonista corajosa não só corre um risco por conta das histórias ligadas ao espelho, mas também se reconhece em si mesma, mostrando para inúmeros leitores como é possível entendermos e amarmos cada parte de nós, sejam estas partes boas ou ruins.

 

Imagem de capa: @beautyandthelibrary

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