Atenção: Esse post pode conter spoilers de Corte de Névoa e Fúria!
Hoje, vamos analisar mais uma obra de arte e comparar suas similaridades com os personagens criados por Sarah J. Maas, em Corte de Espinhos de Rosas. A pintura que iremos estudar hoje, é o Anjo Caído (1847), de Alexandre Cabanel.
Nascido em 28 de setembro de 1823, Cabanel foi representante do Neoclassicismo Acadêmico, com apenas 17 anos entrou para a Escola Nacional de Belas Artes da França, onde mais tarde viria a se tornar professor. O autor, que sempre demonstrou interesse por temas religiosos e mitológicos, também possui como obras famosas sua versão do quadro “Ofélia” e “O Nascimento de Vênus”.
Uma de suas pinturas mais emblemáticas, Anjo Caído, possui uma curiosa história, em que Cabanel, em 1846, decide apresentar ao Salão de Paris – local para exibir obras de artes dos membros da Academia de Pintura e Escultura – sua mais recente obra, “Orestes”, que foi duramente criticada pelos juízes, dizendo se tratar de “uma composição gigante e incapaz”. O autor, em resposta, apresentou em 1847 ao Salão sua versão do anjo Lúcifer (a primeira submetida por um estudante na época) em Anjo Caído, que hoje ainda é um de seus trabalhos mais famosos.
A pintura retrata o anjo caído Lúcifer após ser expulso do Paraíso, e seu grande impacto para a época foi o fato de Lúcifer ser retratado não de forma monstruosa ou obscura, mas sim de forma bela e jovem, com o corpo perfeito, nu, os cabelos encaracolados castanho-avermelhados belos e com músculos flexionados de forma a transmitir uma aparência de extremo poder e força. Mas o grande detalhe dessa obra de Cabanel, foi a forma como o autor retratou a emoção no olhar choroso do anjo, repleta de raiva, ódio e até remorso.
Na religião cristã, Samael ou Lúcifer, Portador da Luz e Estrela da Manhã, era considerado o mais belo dos anjos e foi expulso do Paraíso por incitar uma rebelião contra o Criador. Em Anjo Caído, pode-se associar a expressão no olhar de Lúcifer com a famosa frase “É melhor reinar no inferno do que servir no Paraíso” do poeta inglês John Milton, uma das grandes inspirações de Alexandre Cabanel para a produção dessa obra.
Em Corte de Espinhos e Rosas, fica clara a semelhança dessa obra com as características do personagem de Rhysand, que foi descrito no primeiro livro da série como sendo um dos machos mais bonitos que Feyre já tinha visto. Além disso, durante Corte de Espinhos e Rosas é possível notar a fama sombria e obscura com que a Corte Noturna e seu Grão-Senhor são retratados, sendo possível até mesmo uma comparação da Corte dos Pesadelos ao inferno.
“- A Corte Noturna faz o que quer – disse Tamlin. – Eles têm os próprios códigos, e a própria índole corrupta.” (Corte de Espinhos e Rosas, pág. 227)
O olhar de ira retratado na pintura pode ser facilmente associado ao assassinato da família de Rhysand pelas mãos do pai de Tamlin, algo que gerou em Rhys um sentimento de raiva e ódio que o fez se dirigir a Corte Primaveril para buscar vingança.
“- O pai de Tamlin, os irmãos e o próprio Tamlin partiram para a floresta illyriana, tendo sabido por Tamlin, por mim, onde minha mãe e irmã estariam, que eu tinha planos de vê-las. Eu deveria estar lá; mas não estava. E eles assassinaram minha mãe e minha irmã mesmo assim.
Eles colocaram suas cabeças em caixas e mandaram pelo rio, até o acampamento mais próximo. O pai de Tamlin ficou com as asas como troféus. Fico surpreso por você não as ter visto pregadas no escritório.
(…) quando contei Sob a Montanha que meu pai matou o pai e os irmãos de Tamlin. Eu fui com ele. Ajudei. Nós atravessamos para o limite da Corte Primaveril naquela noite e, depois, seguimos o restante do caminho a pé, até a mansão. Matei os irmãos de Tamlin quando os vi. Controlei suas mentes e os deixei indefesos enquanto os cortava em pedaços, e, em seguida, derreti seus cérebros dentro dos crânios. E, quando cheguei ao quarto do Grão-Senhor, ele estava morto. E meu pai… meu pai tinha matado a mãe de Tamlin também.” (Corte de Névoa e Fúria, pág. 472 e 473)
Por fim, as semelhanças entre Lúcifer e Rhysand também são notadas em seus traços de personalidade, pois Samael era considerado o mais sábio e um dos mais poderosos anjos, fato que contribuiu para sua queda. Já em ACOTAR, Rhysand é considerado o Grão-Senhor mais poderoso de Prythian.
Fonte: Arthistoryproject